Minha luta não vai cessar
meu verbo não vai calar
mas meu corpo pode se cansar.
então sinto e sento
e olho e aprendo.
Saber que ter é não prender
saber que querer
vem do verbo disponibilidade
e que disponibilidade
vem da hora que acontece.
E minha hora nunca
é chegada, sempre partida,
sempre pedaços, sempre...
No seu tempo eu sou lembrança de tudo
aquilo que faziamos eram
recordações, não tem nada
que já não tivessemos,
nada ali é novo
a não ser seu eu hoje pai
e seu hoje atual momento.
Então a sala de aula que aprendo
se chama recreio no meu tempo
pois hoje se tem intervalo
mas não dou chance
porque nos intervalos
é que se matam os mais queridos
os mais amados bolinhos-de-chuva
que sempre fiz.
Não vou fazer nada
que não possa ser feito
e esperar?...
fiz isso toda minha vida
não vou apressar nada
muito menos minha impaciencia...
gero creditos de vida
pras outras reencarnações
pois eles me
quererão aqui de volta...

hoje frustrado pela
não vida que gerei
pelo desejo que concebi
pelo filho que não posso ter,
fico a olhar as gerações
pelas quais passei
e por mim foram educadas,
atendidas, acalentadas
e tenho saudades
do meu afilhado que criei
durante o tempo que pude.
hoje frustrado pela não vida
que de mim sai todo dia,
estou cansado da vida toda,
dela inteira com meus desafios,
dela inteira sem o fluir
que eu sempre busquei.
estou cansado de ser o que sou
e que lutei para construir
e ninguém aqui morar.
casa vazia, coração vazio,
sentimento vazio, bolso vazio
e ainda vou ter que aturar minha cabeça dizendo:
"então o coração tá vazio? o sentimento ta vazio?"
achando que tudo tem que ser
ao redor do seu umbigo.
estou falando e nada me ouve,
nada quer me ouvir e continuo
gerando e parindo
essa não vida diária.
essa não vida diária
me mata pouco-a-pouco,
como se milhares de buracos
sangrassem em meu corpo,
até que por falta de sangue
eu viesse a morrer.
mas como morrer,
se não vidas eu gero todo dia?...

Para quem sobreviveu...

PODERIA OLHAR NOS SEUS OLHOS
E CHORAR PELO SER QUE EU PERDI
PELO SER QUE DEIXEI DE SER
PELO TEMPO QUE DEIXEI PASSAR
MAS OLHANDO HOJE NOS SEUS OLHOS
AGRADEÇO POR TER SIDO QUEM EU FUI
E QUE RESULTOU NO QUE SOU HOJE
AGRADEÇO POR NÃO SER CULPADO
DE MAIS UMA TRISTEZA HUMANA
DAS MUITAS QUE JÁ SOU
AGRADEÇO NÃO TER SIDO
UM OBSTÁCULO, NEM UMA PORTA TRANCADA
NO CAMINHO DE ALGUÉM
COMO SOU AINDA DE MUITOS
DE NÃO SER O RELÓGIO ADIANTADO
SENDO O ATRASO DA VIDA
DE NÃO SER O BURACO CAVADO
POR ATOS E ATITUDES INSANAS
QUE ENTERROU ALGUÉM
COMO MUITOS DO CEMITÉRIO
DO QUAL SOU RESPONSÁVEL.
OLHANDO SEUS OLHOS HOJE
SEI QUE VIVEMOS FELICIDADES,
E TRISTEZAS
QUE NÃO NOS CONSUMIRAM
E NOS ATRAZARAM O CAMINHAR
HOJE EU TO FELIZ
POR PODER
TE OLHAR NOS OLHOS...

meio ao meio

estou no meio ao meio e nem sei como pra ponta me levar já que acho que estou cercado por tantos que nem sei quem são que tanto barulho fazem sem se darem conta do que estão sendo antes de realmente serem o que querem fazer e saírem vitoriosos da disputa pelo nada absoluto que estão pensando que vão levar para um ponto longe de mim tentando assim me acertarem com um golpe fatal sem salvação pois o amor que sinto é assim fatal e coisa e tal cheio de tal e coisa pois não pode ser visto não pode ser falado e como eu nem consigo ser desse jeito fico mudo balbuciado todo dialogo que "mimiquei" pra poder soltar desse peito sofredor e ignorante do que está acontecendo no outro coração que parece latejar de tanta dor que não tem o motivo para doer dessa forma que me masturbo para aliviar a pressão no peito na alma no fisico que já não sabe como impedir as dores do ser que doi por ser humano normal e naturalmente atencioso com todos aqueles que enxergam a luz nos meus passos pois meu olhos só podem brilhar para aquela que faz a única coisa que faltava pra uma felicidade perfeita ao lado dela sem impedimentos ou impecilhos que façam tudo desmoronar como quando o ato se encena e minha alma se aloja na alma dela e faz com que um vazio eterno tome conta do meu ser mas é o vazio mais lindo que só experimento quando ela está ao meu lado pois minha alma só se prontifica a sair desse corpo quando é com ela que acontece o mu mu mu perfeito e legitimo com certificado de qualidade que nem o inmetro daria pois estou ao meio e no meio sem saber como ir pra ponta aonde sei que ela me espera e pra onde eu caminhava até ela me pedir pra falar coisas que acho que é ela que está sentindo e tem medo de me dizer porque pode não estar bom mas estou sempre tentando fazer o que nem longe do meu alcance está tento fazer o inalcançável o inatingível por ela que me deu a felicidade e a terceira oportunidade de sermos felizes juntos vivendo separados mas com confiança não jogaria fora tamanha jóia com tantos quilates que ofusca o diamante maior que a terra produziu ou produzirá.

tantas e tantas já se foram e ficamos olhando com pena de se perderem tão facilmente do caminho que leva a felicidade pensando que tudo está numa prateleira de loja ou supermercado enquanto tudo dentro de cada ukm apodrece pela falta de uso e esquecimento da verdade maxima que tudo só depende de mim e o que faço com meu coração para orientar meus passos nessa vida de percurssos cheios de desvios e tentações do lado negro que ofusca visões e desejos mais puros...

vou escuro pensamento
na noite fria
desse inverno
que mesmo fosse de verão
sem tu não daria
pra calorar o coração fagueiro
que brejeiro brinca
pra não chorar
o desespero de te
des-esperar
enquanto lê ou ouve
as letras da sua linha
que não toca
nem por engano
do destino
que não nos uniu
de maneira geográfica e física
e fatalmente longe
do alcance das minhas assassinas mãos
que cravam fundo
no cortejo de esperas
que ficam em fila
para morrerem com o frio
que estica os lençóis de seda
puramente ilusórias...

eu nem sei se consigo enxergar aonde estou pisando hoje pois tudo nos vai levando por lugares que não sei se queria ou gostaria de estar se fosse de uma forma naturalmente escolhida por mim e como tenho que me olhar pelo menos isso sei que posso dizer que mesmo não sabendo aonde estou pisando estou amando estar nesse pedaço da minha vida em que me encontro agora e vivendo tudo isso dessa forma diária e quase medicamentosa que só não faz efeito quando estou aqui na cidade que estou morando mas quando a vida me leva daqui sei que vou viver tudo aquilo que nunca sonhei ou esperava um dia nos finais de semana que tenho feito tudo para que sejam os melhores que poderia sem medo sem receio e sem culpa de estar fazendo tudo errado e ser punido pelas fatalidades dos céus sem fronteiras ou comportas que possam estancar o sangue que jorra quando estou errado na vida que se leva ao acordar e ver que a segunda-feira é presente e incessante como movimentos corporais noturnos e vesperais em motéis com garage e corpos esses que se fundem e roubam alma para cuidar sem a permissão dos próprios donos que entrarão para os anais da história como são feitos os livros e contadas as lendas urbanas que tomam forma e corpo e passam a assombrar os incautos de corações vazios que desfilam como se nada houvesse para puni-los em suas fugidias escapadas da casa onde estão colocando os olhos para poderem para fora olhar sem medo de errar pois agora podem enxergar com outro referencial.

oh tempo que não paro de pensar e nem posso dizer pois não paro para falar de tudo aquilo que vivemos pois fomos nós e não só eu que olho com esse jeito manso de ser cruel com tantas afirmações em vão nos vãos dos papos que não tenho que dizer nem lamentar as palavras que não escrevo e jamais escreverei pois elas fluem de tal forma que parecem água entre os dedos que tem sede de poder escrever sem pena de ter tido o ponto máximo quando um mu mu mu nas ultimas horas de uma jornada de férias me fez parar e ver que te tenho em mais coisas que só nas mãos que só em coração e sentimento desse momento único em todos nós que estavamos lá enclausurados e perdidos em nossos "sensacionamentos" corporais soltando risos fartos de alegria e despudor com tudo sem sedentas posses e dominios de um ou outro momento de morrer no se esvaziar de si mesmo dentro do outro convite para festa no interior sem rodeios ou touradas oferecidas foram as redeas e feridas as costas abertas aos navios ancorados sem tripulação de batalha.